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Filmopolis
Sunday, 23 November 2003
SERPA 2003
Em 1987, Robert Kramer, um dos autores mais importantes do document?rio contempor?neo, realizou Doc's Kingdom, um filme parcialmente rodado em Portugal (interpretado, entre outros, por Ruy Furtado e Jo?o C?sar Monteiro). Em 2000, um ano ap?s o desaparecimento de Robert Kramer, a AporDoc (Associa??o pelo Document?rio) lan?ou, em Serpa, um outro Doc's Kingdom: a primeira edi??o do seu semin?rio internacional de document?rios, o qual, atrav?s do nome escolhido, procurou homenagear a personalidade e a filmografia de Robert Kramer. Apesar de o semin?rio ter adoptado, este ano, e provisoriamente, o formato "nacional", manteve a sua estrutura caracter?stica: projec??o de uma selec??o de document?rios em ante-estreia, seguida de debate (por vezes aceso) com a presen?a dos seus autores. No final, um debate aberto, centrado num t?pico preciso. Desta vez, a escolha recaiu sobre "O estado do document?rio em Portugal".

Por Serpa passaram, este ano, alguns dos mais recentes document?rios portugueses, com proveni?ncias e tem?ticas bastante heterog?neas. Houve um conjunto de document?rios sa?dos do Laborat?rio de Cria??o Cinematogr?fica da Universidade Nova de Lisboa (produzidos em associa??o com o Servi?o de Belas-Artes da Funda??o Gulbenkian), cada um deles centrado sobre o universo de um artista portugu?s: Pintura s/ t?tulo, de Lu?sa Homem, sobre Ant?nio Sena, Bitola, de Nuno Ventura Barbosa, sobre Francisco Tropa e Da Natureza das Coisas, filme autenticamente "radical" de Lu?s Miguel Correia sobre o trabalho do escultor Carlos Nogueira Ainda com alguma rela??o com o mesmo Laborat?rio de Cria??o Cinematogr?fica puderam ver-se Mercado do Bolh?o, de Renata Sancho (produ??o de "O Som e a F?ria"), um belo filme sobre a vida nesse mercado do Porto, e O que pode um rosto, de Susana Nobre, sobre a dif?cil e extrema luta pessoal dos doentes com cancro. Rabo de Peixe, de Joaquim Pinto e Nuno Leonel, sobre a comunidade piscat?ria dessa vila a?oriana, o curioso Terra Longe, de Daniel-Emmanuel Thorbecke, sobre a vida na ilha do Fogo, Lisboetas, de S?rgio Tr?faut, um work in progress sobre os novos emigrantes de Lisboa e O arquitecto e a cidade velha, magn?fico e sereno document?rio de Catarina Alves Costa sobre o projecto de Siza Vieira para a recupera??o da Cidade Velha de Santiago, foram os outros t?tulos que remataram o Doc's deste ano, permitindo, desde logo, atestar a vitalidade do g?nero na cinematografia portuguesa, apesar do relativo aperto da produ??o e dos montantes dos respectivos financiamentos p?blicos.

A gravidade desta situa??o justifica que o debate final tenha sido invadido pela quest?o dos meios de produ??o e, mais em concreto, pela rela??o dif?cil entre o mundo do cinema e o mundo da televis?o (em especial, da televis?o p?blica) e pela baix?ssima cota??o em que esta mant?m o document?rio, bem ao inv?s da maioria das suas cong?neres europeias. Percebe-se a urg?ncia e a pertin?ncia do problema; entende-se pior que, sob o t?pico "O estado do document?rio em Portugal", haja t?o pouco para dizer sobre o documentarismo portugu?s. E percebe-se ainda menos porque, com maiores ou menores dificuldades, os documentaristas portugueses t?m produzido ao longo dos ?ltimos anos algum do melhor cinema que se tem feito em Portugal. Esta estranha obstina??o em "n?o pensar" para al?m (ou aqu?m) da quest?o dos meios de produ??o lan?ou alguma perplexidade (pessoal) no fecho do Doc's Kingdgom 2003... para todos os efeitos, uma ocasi?o soberana para pensar colectivamente o que se faz e em nome de que valores.

Posted by jmgriloportugal at 8:51 AM EST

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